Comprando um telescópio nos EUA

Recentemente fui à Orlando para curtir os parques. Antes de ir, pensei: por que não aproveitar a oportunidade e comprar um telescópio? Um telescópio sempre foi um sonho de criança. Sempre gostei de Astronomia e agora tinha a minha chance de ter um aparelho que não fosse estes horríveis refratores que encontramos em tabacarias.
Como o tempo era curto e o telescópio era um item bem secundário, deixei a escolha do modelo para o final. Achava que chegaria aos EUA e encontraria lojas para escolher um modelo e levar para o hotel.
O primeiro engano é achar que em Orlando, pelo menos, há lojas com telescópios. Não há. Até mesmo as lojas que eu sondei pela Internet, a maioria em Miami, achando que encontraria algo lá, não tinham nada. Outras nem responderam meus emails.
Achei alguma coisa em uma loja de artigos esportivos, mas eram telescópios de baixa qualidade ou refratores, que eu não queria. Estava atrás de um refletor de algum tipo.
Cheguei aos EUA e, entre um parque e outro, via que o tempo estava passando e eu acabaria voltando sem telescópio. Foi então que resolvi alugar um computador do hotel para procurar na Amazon.com por alguma coisa na faixa de preço de até US$ 500. Com pressa, acabei achando que a melhor relação custo/benefício (além da disponibilidade de entrega) estava em um modelo Celestron NexStar 130 SLT. O NexStar 130 SLT era um modelo newtoniano relativamente novo de 5.1" com localizador de objetos celestes computadorizado, o que, para um iniciante como eu, seria uma mão na roda. Um ponto interessante é a sua simplicidade, visto ser um modelo newtoniano. Estava de olho em modelos da Meade um pouco mais caros, que não eram refletores 'puros' no sentido de serem menores e por isso precisarem de lentes extras em seu corpo. O NexStar possui apenas um espelho principal e um secundário, e as lentes estão todas nas oculares.
O telescópio custou US$ 360,00 e chegou ao hotel na data marcada. Encontrei o mesmo telescópio à venda aqui no Brasil por R$ 2.100,00. Embora o preço não seja proibitivo, é um absurdo termos que pagar mais de 190% sobre o cobrado nos EUA!
O problema seguinte foi lidar com o tamanho da caixa. A caixa era enorme. A primeira coisa que fiz foi jogar a caixa fora (não antes de tirar uma foto para recordação, claro). Mantive apenas a caixa onde estava o tubo do telescópio. Decidi que não seria muito prudente despachar o tubo dentro da mala. Então comprei fita adesiva e papel de embrulho, embrulhei a caixa de papelão com o telescópio e fiz uma alça com fita adesiva. Na mala coloquei apenas o tripé e as duas oculares que vieram com o telescópio (de 9mm e de 25mm).
Voltei pela American Airlines em um Boeing antigo. A American coloca antes do embarque uma armação metálica para você testar previamente se sua bagagem de mão poderá ser embarcada. A bagagem tem que entrar na armação. A largura da caixa do tubo do NexStar 130 SLT era aproximadamente 4mm menor do que a largura máxima permitida! A atendente olhou para a caixa e disse inicialmente que não caberia, mas depois relaxou.
Na volta, 3 funcionários da alfândega me perguntaram 3 vezes o que continha aquela caixa e o preço. Para os três eu respondi a mesma coisa e não tive maiores problemas. Para o último, tive que mostrar a nota fiscal. Tenha sempre à mão, pois fatalmente eles irão perguntar, principalmente se você voltar de Miami.
Avaliando minha experiência no episódio, as dicas são:
1. Escolha o aparelho antes de sair do Brasil. Após chegar aos EUA, você pode ter pouco tempo para fazer isso, porque são muitos detalhes.
2. Não perca tempo procurando lojas e compre pela Internet. A Amazon é um ótimo lugar pois tem muita variedade.
3. Aproveite para comprar mais oculares e filtros.
4. Volte com a nota em mãos e declare logo se o valor for acima de US$ 500 pois é impossível esconder um telescópio (pelo menos um newtoniano).
5. Telescópios pesam muito, portanto reserve lugar na mala e leve uma balança manual para viagens, para não passar do peso permitido por bagagem.